domingo, 31 de janeiro de 2016

Psy trance e suas vertentes mais conhecidas

As Vertentes do PsyTrance


Full On, Progressivo, Dark e Goa.

Todas essas vertentes se completam, cada uma com seu momento dentro do ritual. A celebração psicodélica precisa tanto dos momentos de euforia e dança que o Full On proporciona no auge da festa, assim como do som barulhento e sinistro do Dark, além dos insights meditativos do Progressive após a energia ser trabalhada.

Tudo no seu tempo e com harmonia.

Full On

Full On é a vertente mais melódica do Psychedelic Trance. O estilo foi originado em Israel no final dos anos de 1990 por artistas do Psychedelic Trance. O nome "full on", provavelmente vem do primeiro de sete álbuns de compilações de trances psicadélicos, que se chama Full On, gravado pela Hom-mega Productions em 1998.

Seus baixos são corridos e com muitas variações de tons. São caracterizados por sintetizadores ao extremo e por uma grande oscilação entre momentos de euforia total e melodias bem trabalhadas, geralmente construídas entre 142 e 150 bpm. É sem dúvida um som que tem um apelo dançante. É extrovertido e convidativo à expressão corporal da dança. Seus elementos vão tomando parte da música, cada um em seu tempo, até que ela se enche, e então explode. As músicas são normalmente longas, porém, se bem feitas, pode-se ouvi-las inteiras por longos períodos de tempo sem se cansar.

O Full on tem varios estilos diferentes, o Full on morning (caracteristica mais melódico), Full on Hi-tech (caracteristica agressivo, mais agitado), o Full on Groove (caracteristica agressivo e muitos elementos psiodélicos) e entre outros estilos.

Sub Vertentes

Full On High Tech
Sub-vertente comum tanto no amanhecer, como no começo de tarde ou noite nas festas ou festivais. É derivado tanto do fullon night quanto do morning e utiliza de muitos efeitos eletrônicos bem sequenciados com batidas às vezes mais pesadas, brakes , baixos de alta qualidade , vozes e melodias, sendo um som cativante para dançar. Recentemente vem misturando Electro House ; Techno ; Dubstep ; Breakbeat... Os maiores produtores de " High Tech " são nativos de " Portugal ; Israel ; Inglaterra ; Brasil ". Alguns artistas criadores da vertente: Bliss ; Vibraddict ; Eskimo ; Exodus ; Cycle Sphere ; A-Team ; Blink ; Switch ; Dapanji ; Mystical Complex ; Beat Hackers etc. No Brasil, temos 220V ; Hi-Fi, Ranty, Germano Sthefan, como representante deste tipo de full on Hi Tech.

Full On Morning

Sub-vertente que é mais comum no período da manhã nas festas, com um som mais melódico e dançante. A maior parte dos "mornings" vem de Israel, mas é uma vertente produzida e difundida em todo o mundo. Alguns exemplos:Phantasmatic, Astrix, Infected Mushroom, InterSys, Protoculture, Vibe Tribe, Melicia, Perplex, Phanatic, Ananda Shake, Electro Sun, Krome Angels, Bamboo Forest, Sesto Sento, Paranormal Attack, Aquatica , Bizzare Contact, Freedom Fighters, Gataka, GMS, Myrah, Growling Machines,Quadra, Spade, System Nipel , Audiotec, Ziki, Mystical Complex, Jano e Underbeat. no Brasil temos Paranoid Project, Solaris, Scrovinsky, Cosmonet, Fusion Iris, Wrecked Machines e Radioactive como representantes do "morning".

Full On Night

Sub-vertente que se destaca pela mistura de elementos do Dark Psytrance (som sério, batidas pesadas, sintetizadores sombrios) com um ritmo mais acelerado, poucas melodias, mas dançante do mesmo jeito. O projeto mais conhecido de "night", embora muitos o considerem "dark" é o Shift. Alguns artistas da sub-vertente: Azax Syndrom,Damage, Killer Buds, Iron Madness, Frozen Ghost, Abomination, Zion Linguist, Digital Talk, Outer Signal, Deliriant, Bliss, Phatimatix, Super Evil, Alienn, Stereopanic .etc.

Full On Groove

Sub-vertente mais séria, é aceita em qualquer horário, principalmente a tarde. Idealizado pelo projeto francês Talamasca. Utiliza muito o sintetizador, com explosões e linhas de baixo mais incorporadas e pesadas. Outros projetos de "groove" são: Burn In Noise, Hujaboy, Flip Flop, The First Stone, Headroom, Materia, Brainiac, M-Theory,Laughing Buddha, Tristan, Sonic Species, Panick, Avalon, Rinkadink, Zen Mechanics, Tron, Earthling,Circuit Breakers,Plasmotek,Nano Space.

Progressive

Vertente mais calma, lenta e extremamente lisérgica do Psy Trance, construída geralmente (mas nem sempre) entre 130 e 140 bpm. A oscilação é deixada de lado, o som é mais constante, retilíneo e crescente. Os sintetizadores são mais sutis, sendo a batida e a linha de baixo o que mais interessam ao trance.O trance progressivo, como já diz o nome, tem como sua característica principal, o fato de que, com o passar dos compassos, a música irá progredindo, ou seja, irão sendo adicionados mais elementos. 

A música também é mais marcada e com um swing mais linear que o trance normal. É uma música introspectiva, que busca equalizar as ondas do cérebro, e assim, chegar a um estado meditativo da dança. É o som típico de fim de tarde no qual, depois do Dark e do Full On, é muito aceita para descansar o corpo e a mente. Tem um kick bem leve e um baixo bem grooveado, passando por diversos tons que empolgam seu ritmo dançante. 

Exemplos são os produtores do Beat Bizarre, Zion in Mad, Metapher, Bitmonx, Ace Ventura, Analog Drink, Ticon e Atmos, Liquid Soul, Ovnimoon, Ace Ventura, Egorythmia, Ritmo, Vertical Mode, Zyce, Xshade, NOK, Zen Mechanics, Phaxe e Vaishiyas.

O "prog" mescla várias vertentes e sub-vertentes da música eletrônica podendo caminhar entre o prog house, prog psy e prog dark, estando todos englobados no mesmo estilo (não há como classificar ou ter-se-ia nomenclaturas enormes do tipo minimal-progressive-electro-breaks). Ele pode ter um bassline com bastante groove, assim como nenhum groove.

Dark

Caracteriza-se por apresentar efeitos curtos e rápidos, batidas que variam de 140 a 200 bpm, sem uma melodia pegajosa de sintetizador, baixo reto ou em alguns casos 'grooveado', bumbo(kick) pesado e samples(amostras de som) macabros de filmes como: gritos, risadas, sons de animais, interjeições. Além disto, possui sintetizadores característicos de efeitos de terror em filmes e cada música tem uma cadência bem diferenciada, podendo ser dançante ou não (nos casos mais pesados ou muito acelerados). Ideologicamente, demonstra o excesso de informação atual em forma de música, causando subliminarmente um lado sombrio e pesado do século XXI, em que a sociedade apresenta um comportamento repetitivo, consumista, consumida pela rotina e alienação.

Sub Vertentes

Weird

Variação mais sombria, barulhenta e bizarra do dark trance, mas mais acelerada e sons high-tech. Chimbais continuos e samples aterrorizantes que podem proporcionar um som massacrante para quem não aprecia o gênero.
BPM: 150-200. Exemplo: Xikwri Neyrra, Savage Scream, Catatonic Despair, Datakult, Baphomet Engine, Polyphonia, The Nommos, Alien Mental, Rebel Assault.

Twisted

Som grooveado que apresenta efeitos rápidos e sons tecnológicos. Apesar de apresentar efeitos secos e rigidos, é o estilo mais calmo no Dark. Envolve maior uso de técnicas, é mais trabalhado na estrutura de kick e bass e apresenta mais paragens. atualmente o projeto brasuca Silent Enemy é o que mais representa o estilo Twisted no brasil.
BPM: 148-160. Exemplo: Cosmo, Kindzadza, Osom, Furious, Magma Ohm, ,Kalilaskov AS,Kashyyyk e Silent Enemy.

Forest

É um som altamente psicodélico, com basslines gordos e sintetizadores e samples bem 'úmidos', que lembram barulhos de animais e fenômenos da natureza. É composto também por melodias quase que ininteligíveis, verdadeiramente psicodélicas. Alguns não consideram o som como 'dark', já que alguns projetos nem tem características sombrias.
Exemplo: Derango, Hallucinogenic Horses, Procs, Syzygy, Donkey Shot.

Tendencias do Dark

Atualmente, muitos projetos têm se caracterizado por ter altos bpms(acima de 150). Essa tendência apresenta um grande propagação de sons em pequenos intervalos de tempo, como também o uso de efeitos como o de repetição (loop) e 'reverse'.

Ainda assim, projetos como Xenomorph e Ghreg On Earth possuem bpms mais baixos e dark apenas na atmosfera e composição da música.
Projeto inovadores como eniChkin tem desenvolvido um som mais espiritual com melodias bem trabalhadas em alta oitava em contraste cm baixo, mas que mantém uma atmosfera sombria. Apresenta muitas amostras de bandas dos anos 1960.

A subvertente é caracterizada por ser pouco comercial e tende a ser uma música mais trabalhada (as camadas e a relação entre os elementos). Desta forma, essa ela é maisunderground e é menos tocada em grandes eventos populares (mainstream).

Goa Trance e sua relação com o Psy Trance

Há controvérsias a cerca da desassociação das vertentes psy trance e goa trance. Alguns caracterizam tanto um como outro um único estilo.
Goa trance é considerado um estilo nascido em Goa, Índia que possui características intrínsecas como o constante uso de melodias repetitivas com pequenas variações que se sobrepõe em diferentes elementos, multi-camada, formando um som bastante hipnótico que cumpre a função de levar o transe através da repetição. Além disso, apresenta bumbo característico com pitch menos elevado, trechos de mantras indianos e efeitos psicodélicos.1 Exemplos de artistas ligados ao estilo goa trance são: Filteria, Goasia, Artifact 303, Antares. Afgin, Radical Distortion.

O psytance, derivação do Goa trance com diminuição do excesso de melodias repetitivas e enfâse nos elementos psicodélicos. Bumbo com pitch elevado, efeitos sonoros mais trabalhados e complexos. Uma música característica do desenvolvimento deste estilo que se tornou hit no mundo inteiro em torno do ano 2000 é do famoso projetoHallucinogen com título Mi-Loony-Um!. Exemplos de artistas ligados ao estilo psytrance são: Hux flux, Digital Talk, Protoculture, Burn  in Noise,Parasense, Xenomorph, GMS.

Nova Geração de Artista do Goa Trance:
Alguns artistas atuais deram uma nova roupagem ao estilo Goa Trance sendo caracterizados como nova geração de artistas. O projeto The Misted Muppet de Israel representa este marco com o lançamento do álbum From The Legend em 2004. Um som futurista com fusão de algumas características do psy trance com o goa trance, permanência do bumbo com pitch elevado, baixo evidente e trabalhado, efeitos de glitch precisos e constantes, melodias precisas e não repetidas, uso de pianos, guitarras, além da adição de efeitos de filmes. Entre os novos artistas do trance podemos citar: Via Axis, Talpa , Braincell, Trold, Psychowave.

"Todas essas vertentes se completam, cada uma com seu momento dentro do ritual. A celebração psicodélica precisa tanto dos momentos de euforia e dança que o Full On proporciona no auge da festa, assim como do som barulhento e sinistro do Dark, além dos insights meditativos do Progressive após a energia ser trabalhada. Tudo no seu tempo e com harmonia."

Começo de uma vida

Onde tudo começou:

Os deejays israelenses e europeus viajaram para a Índia. Descobriram a energia das festas de praia em Goa e fez-se o som.

As origens estão em Goa, na Índia. Ex-colônia portuguesa, lugar de tradicional tolerância e hospitalidade, a região se firmou como destino de mochileiros e hippies nos anos 60. As festas nas praias se tornaram um costume local. Na virada dos anos 80, a música passou a ser eletrônica. Aos poucos, deejays e produtores europeus como Goa Gill, Mark Allen e Youth começaram a desenvolver uma vertente influenciada pelo misticismo indiano, por sons étnicos e pelo rock psicodélico progressivo. 

A ênfase não era mais o ritmo, mas sim a "viagem", proporcionada por uso intenso de efeitos de estúdio e de timbres exóticos. Em meados dos anos 90, depois de um acordo de vistos entre Índia e Israel, legiões de jovens recém-saídos dos rígidos anos de serviço militar israelense passaram a se atirar nas raves de Goa. Graças a essa conexão, Israel se tornou o país onde o psy-trance teve o maior impacto no dia-a-dia. Lá, psy-trance toca no rádio, e um artista como Skazi é reconhecido por crianças na rua. Hoje, nomes como Infected Mushroom, Astrix, Analog Pussy e Astral Projection são conhecidos internacionalmente. O fato de serem alguns dos raros artistas israelenses que conseguiram isso faz deles um orgulho nacional.

O estilo nasceu nas praias de Goa, na Índia. Os maiores astros vêm de Israel. As festas em geral acontecem muito longe das grandes metrópoles e duram dias a fio, com a música tocando sem parar. Ainspiração está em Woodstock. O astral mescla o espírito dos hippies à tecnologia digital. O resultado dessa mistura excêntrica atende pelo nome de psy-trance, ou trance psicodélico, ou ainda, na abreviação que está na boca da galera, psy. Opsy é hoje o estilo de música eletrônica mais popular no Brasil.

Há dezenas de festas ao ar livre, festivais e noites em clubes pipocando de Manaus a Porto Alegre. Gigantes do meio, como as raves paulistanas XXXPerience e Tribe, atraem facilmente de 20 mil a 25 mil pessoas em cada edição. Festivais menores em lugares remotos, como o Universo Paralelo, realizado em Ituberá, sul da Bahia, ou o Trancedence, em Alto do Paraíso, Goiás, costumam atrair milhares de jovens de 15 a 25 anos - ou até mais velhos -, vindos de todo o país. Nada mal para um estilo que praticamente não toca no rádio, é ignorado pelos meios de comunicação e raramente conta com patrocínio de grandes empresas.

Vários motivos explicam tanto sucesso. Primeiro, o psy quebra a sisudez das festas embaladas nos últimos 20 anos pelos gêneros eletrônicos, como drum'n'bass ou tecno. Segundo, a atmosfera das raves evoca os efeitos de um transe lisérgico: é alegre e lúdica e não esconde o sabor de revival dos anos 60. Terceiro, a música soa mais acessível que a das raves dos anos 90. Serve de porta de entrada tanto para a moçada como para gente mais madura, tornando a diversão mais democrática. Finalmente, o ambiente eufórico e informal faz parte do espetáculo. 

As festas não acontecem em galpões fechados ou escuros, mas a céu aberto, em lugares paradisíacos, promovendo o encontro dos participantes com a natureza. Os eventos costumam contar com superprodução. Os organizadores investem em decoração e nas fantasias de artistas de circo, como malabaristas ou engolidores de fogo, para animar a imensa pista ao ar livre. No tecno e na house music, o público gosta de se concentrar na música. No psy, predominam o visual espalhafatoso, a exibição dos corpos e a variedade sonora.


Na Europa, o trance psicodélico surgiu como uma manifestação de contracultura, uma espécie de vertente neo-hippie dentro da música eletrônica. Até hoje, o caráter lá fora permanece alternativo. As festas são freqüentadas por legiões que vivem em trailers e ganham a vida vendendo roupas e acessórios nos eventos. No Brasil, o sucesso do trance já alcançou outro patamar. Há comerciais de festas na TV e os eventos atraem jovens de classe média que moram com os pais e têm carro importado. 

#Q:Já dançou trance? - continuação:#

As festas chegam a abrigar 25 mil pessoas em cidades do interior e a durar sete dias sem parar.

Apesar de tudo, o êxito galopante não agrada a todos. De acordo com o deejay Marcelo VOR, um dos mais conceituados na cena trance, "existem duas linhas de artistas: a dos que vão para o lado farofa e a outra, séria". Entre estes últimos, Marcelo inclui nomes como Audio-X e Wrecked Machines. Na categoria "farofa" estaria, segundo ele, Skazi, deejay e produtor israelense que hoje garante festa cheia em qualquer canto do Brasil. O apelo de Skazi é exibir atitudes de roqueiro e produzir versões psy para faixas do estilo heavy metal. Ele não fala em valores neo-hippies, muito menos em transcendência ou psicodelismo. Prefere se autodenominar o "Axl Rose do trance".

Muitos enfatizam, porém, a opção pelos valores originais da tradição psicodélica, como amor, paz e respeito. É o caso do festival Universo Paralelo, realizado pelos irmãos Dario e Juarez Petrillo (o deejay Swarup), de Brasília. A última edição levou 5 mil pessoas por oito dias para o sul da Bahia, onde foi montada uma minicidade com cibercafé, apresentações de música regional, teatro, cinema e até mesmo uma unidade de reciclagem de lixo. "Em oito dias, não tivemos nenhuma ocorrência de violência, não aconteceu uma briga," afirma Dario.


Mesmo assim, o psy é visto com reservas pelos fãs de outros gêneros de música eletrônica. A história do psy quase sempre esteve descolada do restante. Ao contrário do que acontece com o house ou o tecno, os deejays de psy-trance nunca foram apegados ao disco de vinil. A música deles não tem conexão com um passado de som negro e baseado no ritmo. As referências mais ecléticas talvez levem os praticantes a renunciar à criatividade e à improvisação ao vivo, traços essenciais nas festas eletrônicas do passado.

O formato digital sempre foi o preferido pelos praticantes do psy. No início, os deejays tocavam com DATs (fitas de áudio digital, normalmente usadas por estúdios). Atualmente, quase todos usam o CD. Também há um intenso intercâmbio de músicas entre deejays e produtores de todo o mundo, e uma fome constante por música nova. O deejay Marcelo VOR afirma que hackers já entraram em seu computador e roubaram produções suas exclusivas.

Mas, no meio das massas dançantes, ninguém parece ligar muito para esses problemas. Com a combinação de pistas lotadas, filosofia neo-hippie, violência zero e lugares ecologicamente encantadores, o psy-trance segue animando centenas de milhares de fãs brasileiros. Modismo ou não, tem força e popularidade para durar anos. Afinal, esse gênero emergente inclui qualquer tipo de música e atinge todas as tribos. Melhor de tudo, a pista de dança é feita de terra e grama.